Da luta por moradia às margens da cidade: formação, representação e narrativas de um bairro da periferia de Fortaleza

Abstract

No presente artigo proponho uma cartografia da formação de um bairro da periferia de Fortaleza, no intuito de rastrear representações e narrativas que contribuem, no presente, em dinâmicas que posicionam o bairro nas “margens” da cidade. Destaco a pista metodológica de Telles (2013), de forma que recuperar, em parte, a história urbana, possibilita localizar questões contemporâneas. Delimito, assim, o Bairro Planalto Pici, que compõe a Regional 11, situado no território 36 na divisão geográfica institucional de Fortaleza, como campo desta pesquisa. O bairro é conquista coletiva de ocupações urbanas no início da década de 1990; porém, sua formação é influenciada por usos e processos que antecedem a construção do lugar, de modo que esse passado do território se apresenta na produção de representações. Para esse movimento analítico, portanto, mobilizo a cartografia como perspectiva metodológica. Do ponto de vista teórico, a questão de pesquisa condiciona um oportuno movimento de mobilização da tradição que Barreira (2007) chama de “Sociologia dos bairros”. A escolha pelo referido bairro como campo de pesquisa é influenciada por questões que perpassam dimensões teóricas, pessoais e políticas. Nasci e cresci no Planalto Pici, território que me possibilitou as primeiras experiências numa dimensão coletiva do fazer político, tendo em vista que foi nesse mesmo chão que me deparei com as desigualdades, de toda ordem, vivenciadas no cotidiano do bairro.