Antitumorais vitanolídeos são capazes de alterara a morfologia e a composição tecidual do fígado, rim e pulmão de animais saudáveis

Abstract

A quimioterapia é a principal intervenção terapêutica em pacientes com câncer. Entretanto, os mecanismos não seletivos dos medicamentos antitumorais podem levar a alterações morfoestruturais e funcionais em células saudáveis. Portanto, novas moléculas, especialmente de origem natural, com toxicidade atenuada estão sendo estudadas. Assim, esse estudo objetivou avaliar possíveis efeitos tóxicos de três vitanolídeos, em duas concentrações (5 ou 0 mg/ Kg) sobre a histomorfologia e a composição da matriz extracelular no fígado, rim e pulmão de camundongos. Para tanto, camundongos de linhagem C57BL/6, com 7 a 8 semanas de idade, foram divididos em grupos experimentais e receberam intraperitonealmente doses de solução salina (tratamento controle), DMSO como veículo de diluição das drogas (tratamento VEI), 27- desidroxi-24,25-epoxivitafina A – VT1, 27-desidroxivitafina A – VT2 e vitaferina A – VTA nas concentrações de 5 ou 10 mg/kg, originando os tratamentos: VT1 5, VT1 10, VT2 5, VT2 10, VTA 5 e VTA 10, respectivamente. As drogas foram administradas durante 15 dias, em dias alternados. Ao fim, os camundongos foram eutanasiados, os órgãos dissecados e imediatamente fixados para as análises histopatológicas. Os órgãos foram processados histologicamente para avaliação de alterações morfológicas, através da coloração de Hematoxilina e Eosina (HE) e os achados foram descritos de forma semiquantitativa. Ainda, foram avaliadas alterações na composição da matriz extracelular, através do conteúdo de colágeno, pela coloração de Pricrosiriu Red. No fígado, os vitanolídeos em ambas as concentrações induziram a presença de sinais de morte celular, como picnose nuclear, e degeneração, como tumefação dos hepatócitos. Além disso, os vitanolídeos intensificaram a congestão vascular e os focos de hemorragia sinusoidal. No rim, observou-se que as alterações induzidas pelos vitanolídeos foram mais intensas quando administrados 5 mg/kg em comparação a 10 mg/kg. No pulmão, os vitanolídeos, independente da concentração, não induziram intensas alterações histopatológicas, não diferindo entre si os achados evidenciados na presença de vitanolídeos, nem mesmo deles em relação ao controle. Evidenciou-se que especialmente o VTA 10 foi capaz de aumentar e reduzir o conteúdo de colágeno no rim e no pulmão, respectivamente. Em suma, os vitanolídeos foram capazes de induzir sinais histopatológicos de inflamação e degeneração e influenciar na composição da matriz extracelular dos órgãos avaliados.