A voz pós-colonial em nação crioula, de José Eduardo Agualusa

Abstract

Este trabalho se propõe a realizar uma leitura do personagem Carlos Fradique Mendes, criado por Eça de Queiróz, no século XIX na obra A Correspondência de Fradique Mendes (1900), a partir da sua “revivência” no romance Nação Crioula: a correspondência secreta de Fradique Mendes (1997), de José Eduardo Agualusa, obra na qual o escritor apresenta, através da publicação de suas cartas, aquela que seria uma parte desconhecida da história dessa personagem, sua viagem para a África. Temos como objeto de estudo o protagonista do romance angolano e, para tanto, tomaremos o viés teórico das leituras do pós-colonialismo, uma linha de reflexão dos denominados Estudos Culturais que avaliam as possíveis consequências da colonização praticada pelos países imperialistas e a sua abordagem na produção cultural, principalmente nas literaturas dos países submetidos a tal processo. Pretendemos analisar como a (re)escrita pós-colonial de autores africanos age no sentido de desvelar o discurso propagado pela representação europeia afim de se autorrepresentar no tempo e espaço que lhe é negado na literatura ocidental.