O impacto da falta de ampliação dos letramentos na condição socioeconômica dos habitantes de São Francisco do Conde (BA)

Abstract

A educação é amplamente reconhecida como um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento humano e social, sendo essencial para a promoção da igualdade e para a redução das desigualdades socioeconômicas. Nesse contexto, em São Francisco do Conde, município localizado no Recôncavo Baiano, apesar do seu PIB per capita de 321.810,92 milhões de Reais, a realidade sobre a ampliação dos letramentos é particularmente preocupante. O censo demográfico de 2022 (IBGE) revela que esse município possui 49% da sua população autodeclarada preta – o que o insere entre as oito cidades com maior percentual de população preta no Brasil. Dados recentes indicam que parcela expressiva da população enfrenta baixos níveis de letramento, o que impacta direta e indiretamente na qualidade de vida, no desenvolvimento humano e na economia local, perpetuando ciclos de pobreza e exclusão social. Neste cenário, propõe-se a seguinte pergunta de pesquisa: de que forma a ausência da ampliação dos letramentos contribui para a perpetuação das desigualdades socioeconômicas em São Francisco do Conde, Bahia? Desse modo, este trabalho tem como objetivo geral analisar os impactos sociais da falta de ampliação dos letramentos na cidade. Para levar a cabo esse objetivo, selecionamos como referencial teórico os estudos de Paulo Freire (1996, 1987), Luiz Antônio Marcuschi (2001), Roxane Rojo (2009), Brian V. Street (2014). No que tange às escolhas metodológicas, esta pesquisa caracteriza-se como bibliográfica e qualitativa, com dados coletados por meio de entrevistas presenciais com estudantes e trabalhadores informais, ou seja, por intermédio de questionários, sendo eles: três (03) estudantes do 3° ano do Ensino Médio, da Escola Estadual Martinho Salles Brasil e por três (03) mototaxistas locais. Além de duas autobiografias de duas (02) moradoras do município. Sendo todas as entrevistadas pessoas negras, do sexo feminino e masculino, com faixa etária entre 17 a 45 anos. De forma sintética, identificou-se que a falta de letramento não se limita apenas à dificuldade de ler e escrever, mas impacta profundamente o acesso a oportunidades, o desenvolvimento econômico e a qualidade de vida das pessoas, sobretudo ao se considerar uma população profundamente marcada pelo racismo como a de São Francisco do Conde.