Mutilação genital feminina na Guiné Bissau

Abstract

O presente trabalho teve objetivo de analisar a prática de iniciação feminina chamada fanado na Guiné-Bissau, ou mutilação genital, no Brasil e na literatura como um todo. Iniciemos o estudo apresentando o quadro de debate teórico sobre as concepções que os autores têm de ritual de circuncisão na literatura temática, entendido, aqui, como estado de ordem e desordem que regulamenta relações socioculturais. Em seguida, em função do objetivo traçado, procurouse apontar os caminhos metodológicos que serviu de base para a análise das informações de campo, principalmente sobre as percepções sobre a prática de circuncisão. A técnica de pesquisa usada é uso de pesquisa qualitativa, acompanhada de análise bibliográfica, no entanto, pela sua natureza qualitativa, procurou entender o não dito, ou seja, aquilo que não aparece explicitamente na análise de conteúdo, mas fundamental para nossa análise. Foram entrevistadas sete estudantes, de diferentes cursos de graduação. As entrevistas ocorreram na Unilab, cujas questões, postas as estudantes, giraram em torno de suas percepções que as mulheres têm do ritual fanado de iniciação feminina na Guiné-Bissau. A análise das entrevistas aponta vários significados, todas elas ligadas as questões relacionadas com a estrutura da comunidade guineense, em especial comunidade praticante da religião muçulmana. Há um sentimento do caráter sagrado do ritual, mas, também, situações o ritual gera constrangimentos e riscos à vida, à saúde, dentre outras situações geradores de dor e sofrimento frequente de mulheres em suas vidas e saúde, que prejudica seus corpos e mentes. Existe, por outro lado, uma visão positiva do fanado, do ponto de vista cultural, no entanto, o ritual tem-se diminuído sistematicamente a partir de ações de sensibilização de algumas ONGs, que lutam com a prática. Essa tendência vem crescendo a partir da criação de uma lei que penaliza qualquer ato de gênero que pode colocar em causa à saúde sexual e reprodutiva de mulheres e meninas guineenses.