Entre a ficção e a realidade em Bom dia, camaradas de Ondjaki: um estudo sobre o pós-colonialismo e a construção da identidade angolana

Abstract

A literatura angolana nem sempre esteve ligada aos contextos reais de Angola. Entretanto, a voz do poeta angolano procurou de diversas formas ecoar a voz oprimida e libertada do povo angolano, descrevendo assim literalmente os seus anseios, avanços e recuos históricos. Nessa perspectiva, a obra Bom da, Camaradas, publicado nos anos de 2000, do escritor angolano Ondjaki, é um dos manifesto do povo frente ao colonialismo português e aos conflitos civis, que iniciariam após a independência. Este romance de Ondjaki permeia nos anos finais da década de 1980, no qual o país vivia o desafio da construção da sociedade e da identidade angolana pós-independente do jugo colonial português, que perdurou até 1975, ano que data a proclamação de sua independência. A obra de Ondjaki destaca uma fase complexa, devido a intensificação dos conflitos civis entre os movimentos de libertação nacional. Nessa ótica, esta monografia aborda essa fase pós-colonial e pós-independente de Angola e sua construção indentitária nos anos finais da década de 1980, através do romance Bom dia, Camaradas. A escolha deu-se devido à complexidade da transição histórica e literária do colonialismo à fase pós-colonial de Angola, marcada por diversas guerras que fizeram sangrar todo país, que se ergueu identitariamente de forma frágil, sob o totalitarismo do MPLA.