Docentes da Educação Infantil: análise dos desafios do trabalho docente no contexto da pandemia de covid-19 em creches municipais do interior do Ceará

Abstract

O trabalho docente durante a pandemia de covid-19, especificamente entre os anos de 2020 e 2021, perpassou por diversas dificuldades, principalmente na etapa da Educação Infantil, seja pela questão do distanciamento social, seja porque os(as) profissionais da educação trabalharam sob condições adversas, por terem dificuldades com as tecnologias e também pelo desafio de inovar em práticas pedagógicas para a primeira infância, com condições de trabalho precárias. O presente trabalho tem como foco investigar os principais desafios do trabalho docente em Educação Infantil em duas creches nos municípios de Acarape e Aratuba-CE, durante o período de pandemia no contexto do ensino remoto emergencial, considerando as perspectivas das docentes de creches da rede pública municipal em que não serão divulgados os nomes das creches e professoras por questões de anonimato e respeito as participantes da pesquisa. A escolha pelos dois munícipios Acarape e Aratuba-CE, ocorreu-nos pelos mesmos estarem inseridos na microrregião do Maciço de Baturité, sendo Acarape sede de um dos campus da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), e Aratuba por fazer parte de um acordo de cooperação técnica com a Unilab e ser o local de origem da autora. Utilizamos como referenciais teóricos para a realização deste estudo as considerações acerca do trabalho docente e sua precarização dos autores: Basso (1998), Hypolito (2012), Oliveira e Maués (2012), Oliveira e Pires (2014), Macêdo e Dias (2011) e Leite Filho (2007). A pesquisa se caracterizou por ser de cunho qualitativo, em que se utilizou um questionário para a coleta de dados, aplicado por meio de um formulário no Google Forms direcionado a 6 professoras, pois foi a quantidade que se disponibilizou a participar da pesquisa. Evidenciamos pela análise das entrevistas que o processo educativo em 2020 se tornou espaço de adoecimento e cobranças, afetando, tanto o trabalho dos(as) docentes, como a aprendizagem das crianças, pois todos(as), professores(as) e alunos(as), principalmente as crianças, estavam acostumadas com a convivência e a interação no ambiente escolar, e, não com a metodologia de aulas remotas, conduzidas por uma tela de dispositivo digital. Todo esse contexto pandêmico, foi marcado pela imposição de novas formas de ensinar em virtude do caráter emergencial, em que profissionais acostumados à educação presencial encontraram-se forçados a se adaptar a uma situação inusitada, a educação a remota, ampliando uma situação já predominante de precarização do trabalho docente.