Uma análise da expressão “conflitos tribais” em mayombe, de pepetela

Abstract

O objetivo desta monografia é analisar a expressão “conflitos tribais”, utilizada constantemente por Pepetela, nas narrativas do romance Mayombe. Partindo dessa expressão, buscou-se esmiuçar o contexto histórico, político e social que a sedimenta, com o intuito de compreender, primeiramente, o seu verdadeiro significado, assim como o motivo da sua frequência nos relatos do romance em questão. Contudo, para além do desejo de entender onde, como, quando e porque brota a expressão “conflitos tribais”, tem-se o foco de reinterpretá-la, evidenciando que os atritos descritos no romance Mayombe não foram impulsionados pelas diferenças culturais e/ou étnicas, sugeridas pelo termo “tribais”, mas sim por conta do momento instável que os guerrilheiros do MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola- enfrentavam durante a guerra de libertação de Angola. Para alcançar essa reinterpretação, uniram-se trechos do romance à explanação do cenário histórico que fundamentou desde o florescer do termo “tribo” (século XIX) até sua ruína (finais do século XX), tornando plausível a ideia de atritos distantes das dessemelhanças étnicas e, assim, proporcionando, também, um novo pensar a respeito da imagem de uma Angola “selvagem”, a qual acaba revivendo- aos olhos dos europeus- diante a luta pela consolidação da nação angolana.