Entre muros e murais: imagens e narrativas sobre a população negra no espaço escolar

Abstract

A leitura do mundo antecede a leitura das palavras, já dizia Paulo Freire. Durante toda nossa vida somos bombardeados cotidianamente por muitas imagens; estas estão lá, silenciosamente, educando nossos olhares, formatando nossa visão de mundo, nossos gostos, nossas identidades e alteridades. Os corredores das escolas de educação infantil estão repletos de imagens que preenchem as paredes e que auxiliam as crianças na construção do conhecimento no momento em que o texto escrito ainda não é alcançado, assim, o trabalho pedagógico com as imagens na Educação Infantil torna-se uma importante ferramenta no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que estabelece conexões entre o objeto de ensino e os educandos através dos signos imagético. O presente trabalho teve como pressuposto teórico a ideia de que toda imagem produzia/visualizada no espaço escolar significa e marca contextos da cultura hegemônica, na qual relações e lugares sociais são pré-determinados, e negras e negros são postos em situação de subalternização ou totalmente invisibilizados. Assim, fazendo com que as crianças interiorizem um mundo previamente concebido e no qual pessoas negras não possuem prestígio e protagonismo. O objetivo geral da pesquisa foi analisar como as imagens dos murais escolares contribuem para a (re) produção das diferenças e a invisibilidade/inferiorização da população negra no ambiente escolar. Realizamos uma pesquisa exploratória, de cunho qualitativo, que buscou familiariza-se com o tema proposto, por meio de estudo bibliográfico, captura de imagens no espaço escolar e entrevistas semi-estruturadas. Os resultados apontam que as imagens presentes nos muros e murais da Escola campo de pesquisa produzem narrativas visuais antagônicas no que se refere a população negra.